POR QUE HÁ MENÇÃO NA BÍBLIA DE TANTO MORTICÍNIO DE SERES HUMANOS, AO LADO DE FREQUENTES REFERÊNCIAS A SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS? DE QUE FORMA TUDO ISSO SE ENQUADRA COM O MANDAMENTO “NÃO MATARÁS”? (Ex 20:13).
Visto que a Bíblia é um livro a respeito do homem em seu estado pecaminoso, e há tão grande violência e derramamento de sangue na sociedade humana, é inevitável a frequente menção de assassinatos nas Escrituras. Todavia, a tradução obscura de Êxodo 20:13, constatada na maior parte das versões em inglês tem provocado muita confusão.
O texto original hebraico emprega uma palavra específica para assassinato (rãsah) no sexto mandamento, que deveria ser traduzido de maneira mais adequada assim: “Não cometerás assassinato” Esse mandamento não é uma proibição da pena de morte para os crimes capitais, visto que o verbo usado não é genérico, não se refere a tirar a vida, como fica implícito no verbo português “matar”. Ex 21:12, no capítulo seguinte, diz: “Quem ferir a outro, de modo que este morra, também será morto”. Temos aqui, pois, um mandamento divino para que o assassino seja punido com a pena de morte, para que se obedeça a Gênesis 9:6: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem”. Ocasionalmente se mencionam a violência e o derramamento de sangue no registro da história da humanidade, por toda a Escritura, sem, todavia, que esses crimes recebam aprovação. No entanto, houve ocasiões e circunstâncias em que comunidades inteiras (como a cidade de Jericó) ou tribos inteiras (como a dos amalequitas) tiveram que ser exterminadas pelos israelitas, em obediência às ordens de Deus. Em todos os casos semelhantes a esse, os ofensores haviam ido tão longe em sua degenerescência e depravação moral que sua presença contínua resultaria na disseminação do terrível câncer do pecado até no meio do povo da aliança de Deus. Assim como o cirurgião sábio remove o câncer perigoso do corpo de seu paciente, com o bisturi, assim também Deus usou os israelitas para que removessem a chaga maligna da sociedade humana. Tal ato é para nós hoje repugnante, mas não se sabe o que teria acontecido com a sociedade hoje se tal cultura depravada e maligna tivesse continuado na terra. Por se tratar de um grande povo totalmente corrompido, Deus usou a pena de morte através da espada dos Israelitas. No que concerne aos animais destinados ao sacrifício. Esse tipo de culto simbolizava o sacrifício vindouro do Filho de Deus na cruz, tendo sido ensinado a nossos antepassados, desde o tempo de Adão. Esse culto sacrificial foi sistematizado para a comunidade de crentes nas leis de Moisés. “Sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9:22). (Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas – p. 130-132). O DEUS DO ANTIGO TESTAMENTO NÃO É UM DEUS DE ÓDIO, ENQUANTO O DO NOVO TESTAMENTO É UM DEUS DE AMOR? Uma das frequentes acusações contra a Bíblia é que ela contém dois conceitos diferentes de Deus – O Antigo Testamento apresenta somente um Deus colérico, enquanto o Novo Testamento descreve um Deus só de amor.O Antigo Testamento contém histórias de Deus comandando a destruição de Sodoma, a aniquilação dos cananeus e muitas outras histórias do julgamento e ira de Deus. Os acusadores afirmam que isto demonstra uma deidade primitiva, beligerante, em contradição aos avançados ensinamentos de Jesus para amar um ao outro, e dar a outra face, como se encontra no Sermão da Montanha.Essas ideias sobre Deus parecem ser conflitantes, mas uma rápida reflexão mostrará outra coisa. O próprio Jesus declara que o Antigo Testamento pode ser resumido nos mandamentos de amor a Deus e amor ao próximo (Mateus 22.37). Ele também observou que Deus, no Antigo Testamento, constantemente desejou amor e misericórdia, em vez de sacrifício (Mateus 9.13, 12.7) Essa atitude pode assemelhar-se a afirmações tais como “Acaso eu tenho prazer na morte do perverso… não desejo antes que ele se converta dos seus caminhos e viva?” (Ezequiel 18.23, ARA)Deus não teria destruído certas nações, a menos que não fosse um Deus de justiça, pois o mal desses povos não poderia seguir desenfreado e perdoado. Ele tencionava e desejava puni-los como uma parte de Seu plano, conforme sua natureza santa e seu zelo por seu povo errante. O que Ele deseja de conformidade com Seu caráter puro, Ele o faz em justiça, no caso dos israelitas, desde que não se arrependessem e se harmonizassem com a Sua natureza (Jeremias 18) No caso dos amorreus, Deus lhes deu centenas de anos para se arrependerem, mas eles disseram não (Gênesis 15.16). Noé pregou durante 120 anos para a sua geração antes do grande dilúvio (Gênesis 6.3). A própria descrição do Antigo Testamento é a de um Deus muito paciente, que deu a esse povo incontáveis oportunidades para arrepender-se e reconciliar-se com Ele, e somente quando eles, continuamente, se recusavam, então os julgava e os punia por suas más ações. Ao contrário de certas crenças populares, na Bíblia, as afirmações mais severas de julgamento e ira foram proferidas pelo Senhor Jesus. Por exemplo, em Mateus 23, Ele fala duro aos líderes religiosos de Seus dias, chamando-os de hipócritas e de falsos líderes, e informando-os de que o seu destino era o eterno banimento da presença de Deus.Em Mateus 10.34 (ARA), Jesus diz que o propósito de Sua missão não é de unir, mas dividir. “Não pense que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz mas espada”. Ele prossegue dizendo que a Sua palavra causará divisão entre pai e filho, mãe e filha e nora e sogra (Mateus 10.35) Encontramos julgamento, assim como amor, derramado de forma penetrante através do Novo Testamento, e amor e misericórdia, assim como julgamento, através do Antigo Testamento. Deus é consistente e imutável, mas situações diferentes pedem ênfases diferentes. Por isso, quando os dois testamentos são lidos do modo originalmente pretendido, eles revelam o mesmo Deus santo, que é rico em misericórdia, mas que não deixa o pecado impune. Extraído de “Respostas àquelas perguntas, o que os céticos perguntam sobre a fé cristã”, Josh McDowell e Don Stewart, Ed. Candeia